segunda-feira, 4 de maio de 2020

Carlos Lopes: “É fundamental o perdão da dívida para os países menos avançados”

Carlos Lopes, antigo director da Comissão Económica da ONU para África, está pessimista sobre o impacto económico da covid-19 e considera que Cabo Verde será um dos países mais afectados. África precisa de um estímulo de pelo menos 5% do seu PIB.
Carlos Lopes anda muito atarefado. Além de participar num grupo de economistas convocado pela ONU para analisar a questão das dívidas públicas, está a ajudar o presidente da comissão da União Africana nos seus vários contactos, nomeadamente com o FMI e a União Europeia. Está ainda a delinear uma estratégia para a covid-19 para um banco regional africano. A somar, apesar de a Nelson Mandela School of Public Governance da Universidade da Cidade do Cabo estar encerrada por causa da pandemia – a África do Sul é o país mais atingido do continente –, o economista guineense que liderou a Comissão Económica das Nações Unidas para África, está a dar uma série de masterclasses online. A de sexta-feira passada, sobre “Como será a África contemporânea na próxima década?”, esgotou.

Esses números são baseados em modelos que estão a ter dificuldade com a realidade africana por várias razões. A primeira razão é que a qualidade de estatística em África, sendo muito pobre, precisa de um afinamento muito elevado do aparelho estatístico para fazer esse tipo de análise. A segunda dificuldade é que África parece ter algumas características, não provadas cientificamente, mas faladas no meio científico, como a da resiliência que resulta de várias epidemias, como o HIV-sida, e também de uma exposição a anti-retrovirais e à cloroquina. Depois, temos a questão da pirâmide etária, uma demografia única no mundo, com uma média de idades à volta dos 19 anos. Outra característica pode ser a climática – a virologia demonstra que as mutações que qualquer vírus conhece podem ter diferenças notáveis em função do clima, podendo ser mais rápidas em determinados climas e em certos momentos do ano. A verdade é que até agora temos uma taxa de recuperação média mais elevada em relação às outras regiões do mundo e com poucos mortos.
Rispito.com/Publico, 04/05/2020

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