Cipriano Cassamá convoca plenária da ANP para esclarecer quem tem a maioria
O Presidente da
Assembleia Nacional
Popular (ANP), Cipriano Cassamá, convocou para 11
de Junho a Comissão
Permanente do parlamento
para agendar uma sessão
parlamentar que terá lugar
no corrente mês
A sessão parlamentar tem
como objectivo esclarecer
qual dos dois blocos
políticos tem no momento a
maioria parlamentar, para
que o Presidente da
República Umaro Sissoco
Embaló possa nomear um
Governo que corresponda
a esta maioria.
Cipriano Cassamá
justicou a sua decisão com
a impossibilidade de obter
um Consenso entre os
partidos com assento
parlamentar, depois de
mais de três rondas
negociais. Cassamá
pretende com esta nova
estratégia dar resposta à
missão que lhe foi
“ordenada” por Umaro
Sissoco Embaló para
conseguir um consenso
entre os partidos para
formar o Governo ou o
parlamento ser dissolvido.
O último encontro entre o
presidente do Parlamento e
os partidos com assento
parlamentar aconteceu
esta segunda-feira 8 de
Junho e serviu apenas para
comunicar a sua decisão.
À imprensa, Cipriano
Cassamá explicou que
decidiu avançar para a
sessão parlamentar, porque
a proposta que apresentou
aos partidos não foi
acolhida positivamente,
mas principalmente porque
ele não quer ser o factor de
bloqueio para o país.
“Não quero ser, como
nunca fui motivo de
bloqueio para o país. Vamos
convocar uma sessão
parlamentar e não vou
levar o programa do
Governo. O que vai
acontecer é dar a
oportunidade aos
deputados para decidirem
quem tem maioria. A
decisão que lá acontecer,
não será contrariada por
mim”, disse o presidente da
ANP.
Nos encontros do dia 8,
todos os partidos marcaram presença. Odete
Semedo, segunda vicepresidente do PAIGC que
tem cheado a delegação
do partido, disse não
perceber o que leva o
presidente do parlamento a
admitir a existência de uma
nova maioria. “É
importante que o
presidente da ANP se
lembre que para ele ser
presidente do Parlamento,
houve uma maioria. E quem
tem essa maioria é o
PAIGC. Portanto é
inaceitável admitir que se
precisa de uma sessão
parlamentar para provar a
maioria”, disse Odete
Semedo sem no entanto
revelar qual deve ser a
posição do PAIGC sobre a
reunião da Comissão
Permanente ou da futura
participação da sessão
plenária
Nesta posição, o PAIGC
conta com os apoios dos
partidos UM e PND,
associados aos deputados
da APU que decidiram
permanecer eis ao Acordo
de Incidência Parlamentar
que o partido assinou em 2019 e que permitira a
aprovação do Programa do
Governo de Aristides
Gomes
Agnelo Regalla, presidente
da UM que nunca atendeu
à chamada de Umaro
Sissoco por não o
reconhecer como
Presidente da República,
advertiu o presidente da
ANP sobre o grave erro que
está a cometer com as suas
decisões. Regalla considera
que Cipriano Cassamá não
nunca deveria ter assumido
o compromisso de negociar
as leis, pelo que deve deixar
que a lei seja aplicada
Abas Djaló, que lidera a
delegação do PND disse na
sua intervenção que o seu
partido informou ao
presidente da ANP que o
problema da maioria não se
coloca, porque todos
sabem quem venceu as
eleições foi o PAIGC. Deste
modo, quem deve liderar o
Governo é o PAIGC assim
como a quem cabe decidir
se vai integrar os outros ou
não.
Posição contrária tem o
coordenador do
Movimento Alternância
Democrática (MADEM).
Braima Camará que
qualicou de sensata a
decisão assumida pelo
presidente da ANP e
continua a sustentar
convictamente que a
maioria deslocou-se. A
alinha com a posição do
MADEM está o PRS e APU
do actual primeiroministro, Nuno Gomes
Nabiam. Para estes
partidos, o novo Acordo de
Incidência Parlamentar
assinado entre os três
partidos vem conferir um
novo bloco e uma nova
maioria para governar.
Nuno Nabiam que já
assinou dois acordos nesta
legislatura, sendo que o
último não teve apoio do
seu partido, mantém o
argumento que tem
adoptado nos últimos
tempos defendendo que
“maioria deslocou”.
Rearmou também que
renunciou ao acordo com o
PAIGC, não obstante não
ter recolhido apoio do presidium da APU nesse
divórcio nem nas novas
núpcias com o MADEM e
PRS.
A decisão de Cipriano
Cassamá já está a ser
fortemente criticada como
aplaudida nas hostes
políticas e jurídicas. Entre
os críticos está o analista
Rui Landim que considera
que ao convocar a sessão
parlamentar, Cipriano
Cassamá aliou-se
claramente ao “golpe de
Estado em curso”. “Isto é
uma farsa. Não tem outro
nome. O Presidente da
ANP, para ser coerente,
deve renunciar do seu
lugar, porque admitiu
claramente que os outros
partidos têm maioria. E se
têm cabe-lhes o direito de
indicar o presidente da
ANP. Mas a minha
verdadeira ilação é que,
está-se perante uma
invenção que vai
consumar-se com a força
de armas”, disse.
Importa sublinhar que, a
nomeação de um novo
Primeiro-ministro e a formação de um novo
Governo, com base nos
resultados eleitorais, foi
uma das condições
impostas pela CEDEAO no
comunicado em que
reconheceu Umaro Sissoco
Embaló como o vencedor
na segunda volta das
eleições presidenciais de
29 de Dezembro.
Rispito.com/e-Global, 09-06-2020
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