segunda-feira, 16 de novembro de 2020

Filhos de "Nino" Vieira pedem que justiça ouça testemunho de viúva sobre assassínio do pai

A filha mais velha do antigo presidente guineense João Bernardo "Nino" Vieira disse que pediu ao Ministério Público da Guiné-Bissau para ouvir o testemunho da viúva, Isabel Vieira, sobre o assassínio do pai, em março de 2009.
"Eu pedi ao Ministério Público para ouvir a senhora Isabel, porque durante 11 anos andou a correr pelo mundo a dizer que não tinha segurança para vir à Guiné-Bissau e como é que agora, de repente, há segurança para ela. Ela está aqui há três meses", afirmou, em entrevista exclusiva à Lusa, Florença Vieira.

Isabel Romano Vieira, mulher de "Nino" Vieira, saiu da Guiné-Bissau em março de 2009, após o funeral do antigo presidente guineense assassinado em sua casa e nunca prestou declarações públicas sobre a morte do marido.

O Ministério Público realizou uma investigação, mas nunca conseguiu ouvir o testemunho de Isabel Romano Vieira, que sempre se recusou a prestar declarações.

O antigo Procurador-Geral da República Bacari Biai anunciou em 2018 o arquivamento do processo, alegando uma decisão do Supremo Tribunal de Justiça, que refere que seis meses depois do início de uma investigação, se não houver acusação, o processo é arquivado.

Até hoje, ninguém foi acusado pela morte de João Bernardo "Nino" Vieira, nem pelo assassínio do general Tagme Na Waie, que morreu poucas horas antes do antigo presidente guineense.
"Mas chegar aqui para violar o túmulo do meu pai e fazer as barbaridades que ela quer fazer, não, vamos processá-la criminalmente. Na guerra do machado com a catana, o pau não entra", afirmou Florença Vieira, referindo-se à forma como foram trasladados os restos mortais do seu pai, que hoje vão ser sepultados na Amura, sede do Estado-Maior General das Forças Armadas da Guiné-Bissau.

Na entrevista, Florença Vieira pede também ao Governo da Guiné-Bissau para "aproveitar este momento em que a senhora Isabel Romano Vieira se encontra em Bissau para indiciá-la a prestar testemunho".
"Porque ela é testemunha ocular do que aconteceu naquela noite fatídica. Nunca quis prestar declarações. Mesmo o falecido Presidente Malam Bacai Sanhá ofereceu-se, deslocou-se até Dacar, porque ela alegava insegurança na Guiné-Bissau, para se encontrar com ela e explicar-lhe e ela desrespeitou-o e não compareceu", afirmou.

Para Florença Vieira, o que é "caricato" é que depois de o seu pai morrer, Isabel Romano Vieira nunca mais regressou em Bissau.
"Depois de 11 anos ela põe aqui os pés e acontece esta cena catastrófica", afirmou, referindo-se uma vez mais à forma como os restos mortais do seu pai, sepultado no cemitério de Bissau, foram trasladados.
Rispito.com/Lusa, 16/11/2020

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