terça-feira, 13 de abril de 2021

COMUNIDADE ISLÂMICA EM CHOQUE COM A FAMÍLIA FRANSISCANA

A congregação cristã Família Franciscana, da igreja católica, emitiu a 8 de Abril uma nota de 9 páginas denominada 'O grito da Terra- ogrito dos pobres' na qual qualifica de grave a situação politica da Guiné Bissau e que o país perdeu o rumo.

Na carta a Família Franciscana denunciou "graves violações" dos direitos humanos e os problemas sociais devido à falta de saúde e educação e que têm vindo a agravar, associados a instrumentalização étnica por parte da classe politica. 
Esta segunda feira, 12 de Abril, uma Comissão Conjunta do Conselho Nacional Islâmico e Conselho Superior Islâmico da Guiné-Bissau emitiu um Comunicado Conjunto reagindo ao 'grito da Terra' lançado pela Família Franciscana. 

No seu comunicado, a Comissão das organizações islâmicas considerou o posicionamento da comunidade cristã de politico e divisionista. Para os dois Conselhos Islâmicos o posicionamento da Família Franciscana é uma instrumentalização étnico-religiosa provavelmente devido a que na Presidència da República "estar um republicano muçulmano". 

"Numa análise séria e isenta de oportunismos políticos e de uma pretensa sobranceira religiosa, a Comissão Conjunta até podia considerar minimamente aceitável e até justificável, caso a Guiné- Bissau não se confrontasse com os graves problemas originados e consequências do COVID-19, com todas as graves incidências para os países como o nosso, confrontados com múltiplos problemas de ordem política, mas principalmente de índole económico e social", lê se no comunicado de duas páginas. 

Para os religiosos muçulmanos, o momento atual impõe que todas as forças vivas da Nação se unam e se solidarizem em torno das instituições politicas e sociais do país, comungados pelos ideais de unidade nacional, tanto do lado dos que podem como dos que necessitam. 

"Levantar no presente momento questões relacionadas com agressões físicas e verbais e misturá-las com a atual crise politica, jurídica, económica e sanitária como defende o comunicado da Família Franciscana, de claro convite à desordem e à desunião entre os guineenses, isto porque, todos nós sabemos que há menos de um ano a esta parte, Guiné-Bissau realizou as suas eleições legislativas e presidenciais estando-se neste momento numa fase decisiva a sua consolidação, destaca o documento. 

Para os responsáveis dos Conselhos islâmicos, se Roma e Pavia não foram construídos num dia, muito menos um país como a Guiné-Bissau poderá vencer os imensos desafios que tem pela frente e se "não criarmos no seio da nossa sociedade tolerância, compreensão, solidariedade e responsabilidade" junto de todos os atores nacionais sejam políticos, sociais ou religiosos. 

"Estimular recalcamentos e espirito de vingança em nada poderá contribuir para se pôr fim aos problemas que a Guiné-Bissau hoie enfrenta e que numa grande medida é derivado de posicionamentos como os que a Família Cristã acaba de exprimir, numa clara instrumentalização e apoio dos seus seguidores", refere o comunicado.

No mesmo documento a Comissão Conjunta afirma que não quer pensar que "este posicionamento da Família Franciscana se deve ao facto de na Presidência da República estar um republicano muçulmano". 

No comunicado a associação islâmica lembrou a Família Franciscana que, num passado recente, os posicionamentos da comunidade religiosa nacional eram alvo de uma prévia concertação, a fim de se evitar interpretações controversas e totalmente contrárias ao carácter laico da sociedade guineense. 

Por fim, o comunicado conjunto refere que "muitos dos problemas denunciados pela Família Franciscana são elementos atuais que precisam de ser analisados e discutidos de forma responsável pela comunidade religiosa nacional, de modo a poder se encontrar soluções Sustentáveis e de interesse nacional".
Rispito.com/e-Global, 13-04-2021

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