quarta-feira, 21 de abril de 2021

PRS vai sair do governo de Umaro Sissoco Embaló

Partido da Renovação Social (PRS) suspeita que esteja a ser vítima de “complô” no seio da aliança governativa e ameaça romper o Acordo.

O mal-estar na aliança governativa (PRS, MADEM-G15 e APU-PDGB) parece ter atingido o nível insuportável. Os recentes ataques de ativistas do MADEM contra o presidente do PRS, Alberto Nambeia, por causa do seu alegado encontro com Domingos Simões Pereira, líder do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), vai ter as suas consequências e está cada vez mais iminente a saída dos “renovadores” do Governo.

O PRS dispõe de uma longa lista de atos praticados pelos seus parceiros da aliança e que visa, segundo os dirigentes do Partido com os quais o jornal Última Hora conversou, aniquilar essa formação política. Por isso e tendo em conta o “silêncio cúmplice” do Presidente da República, Umaro Sissoco Embaló, a saída neste momento para dignificar o seu presidente e salvar o partido “é retira-se da aliança”.

Depois de os conhecidos ativistas do MADEM-G15 atacarem Alberto Nambeia, sobre o suposto encontro com o presidente do PAIGC, os dirigentes do PRS, ainda em conversa com o Última Hora, recorreram ao passado para avaliar os atos praticados tanto pelo MADEM, enquanto partido, como por Braima Camará, seu coordenador, para salientar que tudo aquilo que fazem não passa de “traição a um parceiro”, mas sobretudo, “uma forma de fragilizar o PRS nos próximos embates eleitorais”.

O primeiro caso citado pelo PRS foram as estratégias de “demonstração de inteligência” do MADEM e APU-PDGB, quando forçaram ao PRS a assinar um acordo em como as pastas dos governadores regionais seriam partilhadas pelas três formações políticas. O acordo foi assinado por Certório Biote na ausência de Alberto Nambeia, presidente, mas quando este regressou, reuniu com os dois líderes, Nuno Nabiam, de APU-PDGB, e Braima Camará, do MADEM-G15, para denunciar o acordo com pretexto de que, o PRS não partilharia com aqueles nenhuma das suas Direções Gerais.

Com este posicionamento, o PRS ensaiou várias vezes no Conselho de Ministros a nomeação dos governadores regionais, mas um ano depois, nem os parceiros da coligação e muito menos o Presidente da República, Umaro Sissoco Embaló facilitaram aquelas nomeações, o que faz com que, neste momento, as regiões sejam administradas pelos secretários regionais.

No entanto, segundo os dirigentes do PRS, no sentido contrário, tanto o MADEM-G15, como o Presidente de APU-PDGB, Nuno Nabiam faziam tudo a bel-prazer. Um dos exemplos citados pelo PRS, escreve o Jornal Última Hora, é a questão da madeira, uma aliança entre Nabiam e Braima Camará.

Tal aliança é do conhecimento do Presidente da República, mas segundo o PRS, não teve um posicionamento adequado, pelo que os dois contunuam a recolher a madeira ‘para Bissau e a exportar’. O Acordo que Nuno Nabian e Braima Camará estabeleceram é que a madeira continua a ser exportada, e o Umaro Sissoco Embaló não diz nada, perante a greve na Função Pública.

Compra de deputados do PRS e pasta de energia para dissidentes do PAIGC

Mas os fatos do PRS para demonstrar aquilo que chama de “esperteza dos parceiros da aliança” são vários. Um dos casos mais criticados pelos renovadores, de acordo com o jornal Última Hora, são três biliões de Francos CFA, disponibilizados pelo Ministério das Finanças para pagar uma suposta dívida de compra de terreno de Braima Camará, empresário e Coordenador do MADEM. Antes de evidenciarem os factos de aproveitamento de Braima Camará, os dirigentes do PRS dizem não terem dúvidas que, o próprio Nuno Nabian, enquanto primeiro-ministro, teve conhecimento e se não disse nada, é porque ele mesmo também beneficiou.

Quanto a Braima Camará, os responsáveis do PRS recordaram que, dias depois de receber o referido dinheiro, o Coordenador do MADEM-G15 disse na sede do seu partido, que a sua formação política seria primeira opção na Guiné-Bissau nos próximos tempos. Para o PRS, as afirmações de Braima Camará são provas de que estão a preparar para descartá-los.

Mas outros fatos existem e revoltam de que maneira os renovadores. O PRS dispõe do registo de aproveitamento feito pelo MADEM-G15 e APU-PDGB, com cumplicidade de Umaro Sissoco Embaló. Trata-se do financiamento de géneros alimentícios destinado para o povo, mas foi usurpado para fins partidários. Em resumo, o PRS não sabe nada e nem subscreve que em momento de pandemia, os apoios sejam destinados para fins partidários, escreveu Última Hora, citando sempre fontes dos “renovadores”.

O PRS denuncia ainda que tem informações em como há um plano de corromper os seus deputados na próxima sessão parlamentar caso saiam da aliança. De igual modo, denunciam as pretensões de Umaro Sissoco Embaló em atribuir pastas sob dependência do PRS aos dissidentes do PAIGC.

Como é que conversar com Domingos Simões Pereira dá direito aos insultos?

Entretanto, depois de conhecer todas essas movimentações suspeitas dos seus parceiros, o PRS decidiu confrontar o Presidente, Umaro Sissoco Embaló. A falta de reação de Embaló sustentou ainda mais as suspeitas que o PRS dispunha sobre a sua cumplicidade com as ações de Braima Camará e Nuno Nabiam.
Na semana passada, circularam informações em como ocorreu no interior do país, um encontro entre os presidentes do PRS, Alberto Nambeia e o do PAIGC, Domingos Simões Pereira. Não foi conhecido o objetivo do encontro, mas para certos observadores, pode resultar do mesmo uma nova aliança política que pode comprometer o poder actual. Antes de um pronunciamento público das partes, sobre este encontro, nas redes sociais, certos setores próximos e alguns até identificados com o MADEM-G15 acusaram o presidente do PRS de falta de seriedade.

“O comportamento dos responsáveis do MADEM-G15 e a sua juventude é um autêntico egoísmo, porque querem a todo o custo impedir o partido ou seus dirigentes andarem com os seus próprios pés”, denunciou ao Última Hora, um dirigente do PRS.

Quanto aos sequestros por uso de palavras, o PRS defende que as pessoas sejam traduzidas à justiça por eventuais falhas, mas nunca como tem acontecido.
Rispito.com/CNEWS, 21-04-2021

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