quarta-feira, 2 de junho de 2021

Transportes públicos entram em greve na Guiné-Bissau

A Federação das Associações dos Motoristas e Transportadores iniciou a greve em resposta a uma operação de fiscalização do Governo. Cidadãos forçados a andar quilómetros a pé apelam pela resolução do problema.
É uma paralisação total dos transportes públicos a nível nacional. Os transportes urbanos, táxis e "toca-tocas" não circulam. Os estudantes e operadores económicos, que se queixam das consequências da greve na Guiné-Bissau, foram obrigados a percorrer vários quilómetros a pé.

Os cidadãos lamentam a situação e apelam ao Governo guineense que resolvam o problema. "Saí de muito longe para vir cá, ao centro da cidade, porque tenho problemas para resolver, mas é muito difícil. Acho que deve haver medidas [das autoridades] para resolver essa situação", disse o cidadão Leonildo Sambú.

"É muito triste aos estudantes andar a pé [mais de cinco quilómetros], desde a zona 7 [bairro de Bandim] até a [Universidade] Lusófona. É tão difícil", lamenta a estudante universitária Fátima Oliveira.

O funcionário público Avito Sambú deixou um apelo: "Hoje, há muita dificuldade. A população anda a pé para chegar à praça. Por isso, o Governo deve sentar à mesa com os sindicatos para chegar a um consenso". 

Motivo da paralisação

A Federação das Associações dos Motoristas e Transportadores da Guiné-Bissau (FNAMT-GB) tem se queixado de alegadas cobrançasilegais por parte das autoridades, para além de irregularidades nas vias públicas.

A situação agravou-se na passada sexta-feira (28.05), quando os ministérios do Interior e dos Transportes, numa operação conjunta, apreenderam centenas de viaturas, na sua maioria transportes urbanos, alegadamente por falta de documentos e por fuga ao fisco.

O presidente da FNAMT-GB, Caram Cassamá, apresenta um dos pontos da reivindicação: "Exigimos a redução de postos de controlo. Há muita proliferação dos postos. Imagine só, você vai encontrar polícia de trânsito num posto, a menos de 10 metros vai encontrar a Guarda Nacional (GN) e a menos de 20 metros vai encontrar a viação".

E quetiona: "Em que país estamos? Estamos no espaço UEMOA [União Económica Monetária da África Ocidental] que tem as suas regras e as suas limitações", para de se seguida lembrar que "na Carta da UEMOA sobre livre circulação de pessoas e bens, os postos de controlo têm que se situar de 100 em 100 quilómetros".

O último memorando de entendimento assinado entre Governo e a FNAMT-GB remonta a 2018, mas os sindicalistas acusam o Executivo de falta de vontade de cumprir o documento rubricado, que, entre outros, prevê a "uniformização" dos recibos de pagamentos aos motoristas infratores, de forma a evitar que diferentes entidades governamentais, nomeadamente a Polícia de Trânsito, Guarda Nacional e Direção Geral da Viação, procedam a cobranças nas estradas.

A DW África tentou, mas não conseguiu obter a reação da Direção Geral da Viação e Transportes Terrestres (DGVTT) sobre o primeiro dia da greve. A DGVTT é acusada por alguns condutores de aliciamento para não ir à greve.

Entretanto, o coordenador da Casa dos Direitos, um consórcio das organizações da sociedade civil guineense, Gueri Gomes, pede diálogo. "Esta greve vai afetar bastantemente a vida da população na sua atividade económica, associada aos riscos da saúde e da sua movimentação. Por isso, o Governo tem que zelar para a promoção de um espaço de diálogo, à procura de consenso com os sindicatos", diz.

Segundo os grevistas, há "táxis pronto-socorro” disponíveis em diferentes artérias de Bissau para assisitir os cidadãos com problemas de saúde. A greve dos transportes na Guiné-Bissau soma-se a dos funcionários públicos, que iniciaram esta terça-feira (02.06) um mês de greve geral na sequência de um novo pré-aviso entregue a semana passada pela União Nacional dos Trabalhadores da Guiné-Bissau ao Governo.
Rispito.com/DW, 02-02-2021

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