quarta-feira, 28 de julho de 2021

Trabalhadores saem à rua contra o aumento de impostos

Trabalhadores guineenses marcharam esta quarta-feira (28.07) contra a situação social do país. Protesto aconteceu duas semanas depois de a polícia ter abortado a primeira tentativa de manifestação, com gás lacrimogéneo.
Sem registo de incidentes e assegurada pelas forças da ordem, a marcha contra impostos e subsídios dos governantes teve início na União Nacional dos Trabalhadores da Guiné (UNTG), em Bissau, e terminou a escassos 300 metros da sede da organização sindical, com um comício, devido à barreira policial. A limitação da área foi uma condição do Ministério do Interior para a realização do protesto, alegando questões de segurança.

O secretário-geral da central sindical, Júlio Mendonça, voltou a frisar que os impostos são prejudiciais aos funcionários públicos e deixou uma promessa - a luta continua.

"Não compete à UNTG negociar a implementação das leis, apenas estamos a exigir quer o princípio da legalidade seja realidade na Guiné-Bissau, referente aos impostos e taxas que [os governantes] instituíram. Isso baixou o salário e a lei proíbe isso", esclarece.

"Estamos a exigir que sejam dignificados os servidores públicos e a definição do salário mínimo nacional, que o país até agora não tem. Isso é grave para um país com 47 anos de independência", acrescenta Júlio Mendonça. "É preciso que a lei seja respeitada e seja realidade no país", frisa.

E o sindicalista promete: "A luta da UNTG vai continuar, até quando conquistarmos esses direitos que são direitos legítimos dos trabalhadores".

O jornalista Armando Lona considera que as autoridades vão ter de ceder às exigências dos guineenses. "Pelo menos o sinal que estão a demonstrar aponta claramente uma incapacidade [dos governantes] associada a uma falta de interesse. Mas, perante a determinação do povo, o governante que queira ou não, vai ter que fazer [a vontade do povo]", entende.

A manifestação dos trabalhadores devia terminar em frente à Assembleia Nacional Popular (ANP), mas devido ao limite imposto pela lei da manifestação e pela barreira policial nas vias que dão acesso ao Parlamento, os manifestantes não cumpriram o itinerário.

Júlio Mendonça voltou a acusar os deputados de não estarem ao serviço do povo, por terem aprovado os impostos e subsídios dos governantes: "Aos deputados, nós já tínhamos chamado a atenção e sabemos que, neste momento, temos um grupo de pessoas que apenas se preocupam com os interesses partidários e não os do povo. Os que estão na Assembleia [Nacional Popular] não estão a representar o povo da Guiné-Bissau, mas sim e apenas interesses partidários e os seus interesses pessoais, nada mais".

Há sete meses que a União Nacional dos Trabalhadores da Guiné está em greve, para exigir, entre outros, o fim dos novos impostos e a definição do salário mínimo nacional.

Como saída para a atual crise social Armando Lona diz que "a solução é o corte desses subsídios [dos titulares de órgãos de soberania], acabar com esses impostos, de forma a permitir um alívio ao trabalhador e criar condições para negociação com a UNTG, que deve-nos levar para a fixação de um novo salário mínimo de cem mil (Francos CFA – 152 Euros)".

Lona também pede "respeito por outras cláusulas, neste caso, respeito ao princípio de legalidade, na funcionalidade da administração pública, o que não tem sido caso até hoje”.

A UNTG agendou nova manifestação para o dia 3 de agosto, dia dos Mártires de Pindjiguiti e dia dos trabalhadores guineenses.
Rispito.com/DW, 28-07-2021

Sem comentários:

Enviar um comentário

ATENÇÃO!
Considerando o respeito pala diversidade, e a liberdade individual de opinião, agradeço que os comentários sejam seguidores da ética deontológica de respeito. Em que todas as pronuncias expressas por escrita não sejam viciadas de insultos, de difamações,de injúrias ou de calunias.
Paute num comentário moderado e educado, sob pena de nao sair em público