quarta-feira, 17 de novembro de 2021

Presidente da Guiné-Bissau propôs ao Conselho de Estado dissolver o Parlamento

Sem a presença do primeiro-ministro, o órgão consultivo do Presidente da República recomendou a Umaro Sissoco Embaló seguir o processo imposto na Constituição

O Presidente da Guiné-Bissau propôs ao Conselho de Estado reunido nesta quarta-feira, 17, dissolver a Assembleia Nacional Popular (ANP) e convocar eleições antecipadas, mas o órgão de consulta do Chefe de Estado recomendou a Umaro Sissoco Embaló seguir o processo constitucional, disseram à VOA fontes do encontro que pediram o anonimato.

Depois de ter avançado com a proposta no encontro, ao qual faltou o primeiro-ministro Nuno Gomes Nabiam, o Presidente aceitou a opinião dos conselheiros que lhe recomendaram voltar atrás e ouvir todas as partes envolvidas, nomeadamente os partidos políticos, antes de convocar, outra vez, o Conselho de Estado.

As mesma fontes acrescentaram que, depois de analisar a situação política e social do país, tema principal da reunião, Embaló decidiu avançar com o processo.

Nos próximos dias, o Presidente da República vai contactar os partidos políticos e outros orgãos de soberania e, segundo as mesmas fontes, deverá então reunir o Conselho de Estado antes de dissolver o Parlamento.

Após a dissolução da ANP, as eleições legislativas têm de ser realizadas num período de 90 dias.

Tensão com primeiro-ministro
O primeiro-ministro, membro por direito próprio do Conselho de Estado, órgão de consulta do Presidente da República, não justificou a ausência.

Entretanto, nos círculos políticos de Bissau é já evidente o mal-estar entre o Presidente da República e o primeiro-ministro.

Durante o acto comemorativo do Dia das Forças Armadas na terça-feira, 16, Umaro Sissoco Embaló não cumprimentou Nuno Gomes Nabiam, nem à entrada do estádio, onde o primeiro-ministro foi recebê-lo, nem na tribuna de honra, embora tenha saudado as demais personalidades antes de discursar. Também no discurso, não se referiu ao chefe do Governo, embora o tenha feito em relação aos visitantes estrangeiros.

Questionado por jornalistas, Gomes Nabiam desdramatizou esse tenso clima político e disse que a sua relação com o Chefe de Estado é normal e que não está agarrado ao poder.
“Ninguém exerce funções de Estado pensando que é permanente. Portanto qualquer dia Nuno vai sair como primeiro-ministro e virá outro primeiro-ministro”, disse à imprensa ontem.

Antes, no domingo, 14, à chegada a Bissau, o Presidente disse a jornalistas para esperarem pela “reacção” dele nesta quarta-feira, 17, dia em que se realizaria uma reunião do Conselho de Estado e voltou a admitir demitir o Governo.

“Não posso permitir desordem. O país está a enfrentar greves permanentemente que, de certa forma, é desgastante”, afirmou o Presidente guineense, para quem o primeiro-ministro não foi eleito. “Fui eu que fui eleito. Há limites. Não vou ser aquele Presidente...”, referiu.

Na segunda-feira, por seu lado, o primeiro-ministro comunicou ter convidado uma equipa estrangeira para investigar o caso do avião “misterioso”, depois de, no dia anterior, Embaló ter informado que o avião é de uma empresa da Gâmbia que quer operar na Guiné-Bissau e que “não são bandidos”.
Rispito.com/Lusa, 17/11/2021

Sem comentários:

Enviar um comentário

ATENÇÃO!
Considerando o respeito pala diversidade, e a liberdade individual de opinião, agradeço que os comentários sejam seguidores da ética deontológica de respeito. Em que todas as pronuncias expressas por escrita não sejam viciadas de insultos, de difamações,de injúrias ou de calunias.
Paute num comentário moderado e educado, sob pena de nao sair em público