quarta-feira, 7 de dezembro de 2022

MNE guineense considera inquietantes ameaças contra instituições eleitorais

A ministra dos Negócios Estrangeiros da Guiné-Bissau, Suzi Barbosa, afirmou hoje em Bissau que se registam “com alguma preocupação e inquietação” ameaças e incitamento contra as instituições eleitorais na sub-região africana em que o país está inserido.

A responsável falava na abertura de uma conferência coorganizada pelo Governo guineense, as representações das Nações Unidas e da Comunidade Económica de Estados da África Ocidental (CEDEAO) em Bissau, sob o lema: “Prevenção de violência eleitoral em África, prioridades, desafios e oportunidades”.

A conferência, que decorre até sábado, junta elementos designados pelas instituições internacionais, alguns de outros países africanos, membros do Governo, partidos políticos e representantes de organizações da sociedade civil guineense.

Na sua intervenção, a chefe da diplomacia guineense enalteceu o facto de o país “ter tradição na organização de eleições livres e transparentes”, quando o panorama geral de países da sub-região africana “tendem a apontar para aumento de situações de incitamento à violência contra instituições e património eleitorais”.

“Essas atitudes pouco dignas de agentes políticos e até de cidadãos comuns que se proclamam democratas perturbam gravemente o ambiente democrático na medida em que estimulam comportamentos tendentes à deposição por meios violentos ou por graves ameaças às instituições ou governos legitimamente constituídos”, defendeu Suzi Barbosa.

A ministra disse ainda estar a recrudescer o discurso de incitamento à violência, ao ódio, de mensagens discriminatórias de “cunho agressivo contra certas personalidades”, figuras de Estado cuja integridade e dignidade são colocadas em risco.

A chefe da diplomacia apontou as redes sociais como sendo “o campo privilegiado” daqueles ataques, onde, disse, a mulher política acaba por ser uma das principais vítimas, através de violência psicológica e agressão verbal.

A governante guineense destacou também os perigos que advêm da “violência institucional” ligada ao processo eleitoral e protagonizada por agentes públicos e privados através da politização e partidarização de instituições.

Suzi Barbosa defendeu que aqueles comportamentos “concorrem negativamente para criação de tensões políticas”.

O representante residente do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) na Guiné-Bissau, Tjark Egenhoff, sublinhou ser importante “manter o clima de festa” que tem sido o dia da votação pelos guineenses.

No entanto, considerou também primordial a continuação das reformas políticas no país.

Fazendo um panorama geral da África ao sul do Saara, o representante do PNUD na Guiné-Bissau afirmou serem preocupantes as tendências pela “etnização da política” em períodos eleitorais, situações que, disse, devem merecer atenção.

Tjark Egenhoff defendeu que as tensões e divisões sociais agravam-se quando os atores políticos recorrem à linguagem inflamada e discursos divisionistas, como estratégias eleitorais.

Entre os vários temas, a conferência irá fazer um mapeamento da violência eleitoral na região da África Ocidental, debruçar-se sobre formas de prevenção da violência eleitoral, experiências da CEDEAO e lições aprendidas.
Lusa

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