domingo, 11 de novembro de 2012

O desentendimento prolonga o período de transição
Por: Samba Bari
Os dias passam lentos quando oportunamente estamos prontos e preparados para algo programado e com data certa... Essa espera, faz com que os dias passem devagar. Porque a nossa consciência insiste em predominar em cada atitude, esperançoso e com senso na vitória.

Mas quando o preparo não é preparo, a oportunidade não está a ser oportuna, o preparativo enrola nas discórdias... Os dias passam tão de pressa, e quando damos por isso só ficamos com suspiros de que afinal, não seremos capazes de cumprir... Nesta vida, ninguém arrepende do que não fez, mais sim arrepende do que oportunamente podia ter feito, mas que não fez, ou fez mal... De propósito, por iguísmo, por não ter tido coragem de chegar e fazer ou por outra razão inerente!
São coisas simples que fazem grandes diferenças, e mesmo que junto venham os problemas, é melhor! Pois trazem a certeza do feito e não a dúvida do que poderia ter acontecido!
Refiro-me da situação de transição que tanto se fala na sua periodicidade de um ano, e a cada dia que passa, a preocupação recai num outro aspecto que não é da preparação para realizar o ato eleitoral. Embora sendo o único a tirar o país, outra vez, na ilegalidade constitucional.
Partindo da discórdia na ANP... Do conflito PAIGC contra PAIGC... Na falta de consenso PAIGC/PRS e do problema no reconhecimento das autoridades da transição a nível internacional... São questões que dominam a agenda dos problemas da Guiné-Bissau, enquanto o tempo de um ano vai diminuindo a cada dia que passa.

Quando se deu o golpe no mês de Abril, nós o condenamos em coro, mas com o que passou de algum tempo até tomada de posse desse governo de transição. Opinei concluindo que era impossível voltar no ambiente politico que se vivia até 11 do mês de Abril, sob pena de mergulhar o país outra vez numa guerra civil. Sublinhei no entanto, uma vez estando-nos confinados com a resolução CEDEAO, só nós os guineenses podia-mo nos entender-se de melhor maneira para fazer dessa transição da realidade presente por nós apoiada com rigor, pois só assim podíamos ultrapassa-la no tempo referido de um ano.

Infelizmente não foi assim, e nem assim está sendo... O mês de Abril é já daqui a cinco meses... Não há recenseamento de raiz para atualizar cadernos eleitorais nem perspectivas próximas disso... Não há bom senso político interno que garante condições para organizar nada... Os que estão na gestão do país e responsáveis de organizar as eleições, são subjugados e não reconhecidos... Não há dinheiro...

Só esses aspetos enumerados sem contar com muitos não descritos, são provas claras de que a república da Guiné-Bissau deverá ainda continuar por mais tempo na gerência desse governo de transição, ou seja qual for... Certo é que o país não sairá no período transitório nesse período estipulado de um ano 

Cadogo e Raimundo já eram, e certamente o país não ficaria por isso na anarquia. Porque pior do que rir sem motivo, é chorar por não ter um motivo para sorrir... Eu já dizia que melhor do que um vazio é a existência de algo palpável. E a Guiné-Bissau só sairá na transição quando nós os guineenses sentirmos a imperativa obrigação de pactuar com vontade e fazer a comunidade internacional perceber que estamos perante um mal estar e nós precisamos de unir para resolve-lo. 
Se não vejamos... Ontem o governo da transição que nem merece uma palavra de pronuncia muito menos de dar atenção, hoje a necessidade de se sentar na mesma mesa e aproxima-la com o governo deposto, deixa de ser um tabu ou interpretação inédita, e menosprezada como outrora tratada de um produto de golpe e imposto pelo CEDEAO. Mas sim, uma ideia que merece atenção especial, até aplaudido pela diplomacia portuguesa.

Decisões erradas e arrogâncias precipitadas de invadir o país militarmente, excluiu a ideia do diálogo a priori, o que só ajudou complicar a crise... Porque Voltar o passado é mais fácil quando ainda não aparece motivos para queda de lágrimas, e por enquanto ainda existe um sorriso para substituir uma desgraça. E agora? 

Meus irmãos...
Eu sempre disse que é tão dolorosa essa nossa falta de cuidado e de entendimento entre nós, porque muitos se aproveitam disso, para fazer de piada as nossas preocupações... E depois darem a cara de hipocrisia ao fingirem uma certa preocupação com o que estamos a passar, mas no fundo, com um sorriso interno e ansiosos simplesmente nos seus próprios interesses… 

Caros compatriotas...
Só nós temos a obrigação de ajudar o país, e demonstrar a vontade clara de por fim nos nossos conflitos para podermos levantar a Guiné-Bissau... Mas para isso temos que deixar de pensar em particularidades pessoais... Porque estamos cansados de acordar todas as manhãs e não ter vontade de viver. De recordar aquela paisagem outrora tão linda, cheia de pessoas humildes... Agora rodeada de companhias inseguras e pavorosas... 
Mesmo que possa haver quem pensa que não se preocupa de as coisas serem assim... Mais na verdade dói tanto por elas não poderem ser diferentes. 

Samba Bari - Licenciado em Relações Internacionais pela Universidade Lusíada de Lisboa

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