domingo, 14 de abril de 2013


NARCOTRÁFICO, UM CRIME TRAUMÁTICO


Há momentos em que a vida nos prega vicissitudes macabros e intransponíveis... Dentro da lógica de cada um de nós ser responsável dos seus afazeres habituais e diários é que também parte o conhecimento de que é através dos nossos atos e das nossas palavras é que esperamos ser exigidos as nossas juras de confissão.

Com tudo isso, se calhar, por distração ou por omissão, existem uns que não levam em conta as inteligências dos outros quando se armam as jogadas sujas e conscientemente sujeitas de punição... Com respostas defensivas sempre na ponta da língua, mas isso não impede a continuidade de se profissionalizarem com as ações de vida proibida. 
O mover luxuoso, muito vaidosos e com ganancias de serem "machos" entre todos, até que chega o dia de estarem a trás das grades. De onde rendem com resignação enquanto reclusos, mas nunca arrependidos a ponto de deixarem as aventuras de vida fácil... É assim o estar no mundo de droga. 

Como aqui não se trata e nunca se tratou do "dito por não dito" é certo que o/a senhor(a) leitor(a) percebeu que se refere ao caso mais mediático de momento, ou seja, a apreensão do Bubo Na Tchuto e companhia... 

Como guineense e razão pelo qual, não poderia deixar de ser a minha preocupação, tal como sempre foi em todos os momentos e, lamentar a tristeza de mais um episódio controverso a começar. Sublinhar que o desenho das ocorrências, o andar das situações e os segredos flutuados, não deixou  razão para existência de nenhuma surpresa nessas apreensões... O mais dramático nessa situação é, de estar arrastar a nossa república da Guiné-Bissau em reboque para tornar péssimo o ainda pior situação em que  o país se encontra em termos de confiança e de parceria.


No PONTO DI MIRA da  semana passada, referi por outras palavras de que o reflexo das atitudes da vida de uma pessoa só pode ser insignificante quando se trata de distinção individual e na qualidade de simples cidadão, onde as suas irresponsabilidades e os seus atos não estão conotados nem influem em nenhum setor da vida pública ou soberana do país...O que não é o caso nesta altura.
Como é sabido que a classe castrense já leva muitos anos de suspeitas e de acusações... Com altos dirigentes visados até interditos de circulação por além fronteiras do país... Agora, se o principal suspeito na arquitetura dessa rede mafiosa de trafico de droga está sob a alçada dos que sempre acusaram e dos que sempre acharam mais atingidos pelas consequências. Não se pode esperar facilidades nem atenuações perante o tão desejado romper das rédeas.

Agora o mais preocupante é o desenrolar dos processos, as novas acusações, as novas implicações e os novos cúmplices que poderão der e vier, tendo em conta que cada pronúncia é um depoimento a registar e cada acusação é mais um visado que estará na mira para as portas do tribunal.
Por isso, deve-se ter muita atenção porque nas regras da marinha a minhoca enfiada no anzol e lançada para o mar, só serve de isca para apanhar os peixes (de preferência os grandes)... Por isso mesmo, neste caso em concreto, depois de um militar poderá ser mais outro militar, ou mais um politico, ou mais um empresário, ou mais um diplomata etc...

Porque conforme estamos acompanhando o evoluir desse caso e o rumo onde está direcionando a situação, cria medo de maneira como isso poderá atingir fortemente o país. Pois o suspeito "Bubo Na Tchuto" apreendido com designação de "Barão de drogas", dois dias depois é já um "Senhor de drogas" e agora é uma máfia organizada que inclui trafico de armas de avultado peso material e financeiro... Não tarda muito para enrolar "um" ou enrolar "outros" com inteligência superior a trás de tudo isso a gerir o negócio, porque pelas tão fracas capacidades intelectuais do Bubo é duvidoso que ele consiga administrar um negócio de tão grande envergadura.
Daí que toda a Guiné-Bissau poderá estar em vias de acusação de envolvimento... Lembrando que o país já foi chamado por varias vezes de um narco-estado. Uma pronuncia dura, que pode ser um exagero de acusação ou um exagero da linguagem... Porque as incapacidades e o poder de estado controlar pelo menos as questões básicas do povo e de assumir com eficácia o território nacional é a prova do país não ser digno desse nome. O mundo conhece os verdadeiros Barões de droga, os grandes senhores dessa máfia e os narco-estados... Que não me compete apontar ou chamar.
Muito embora, isso não quer dizer que não se deve combater a radicação de novos "garotos" só porque ainda existem velhos "macucos".

Certo é que a Guiné-Bissau vive independentemente das suas convulsões internas, como também de tantas conspirações dos que não querem ver o país a amanhecer num sossego. E esta é mais uma razão de pega para agravar, de usar os jogos de interesse, de envolver todos e para poder entalar mais o país.
Já muito tempo que o problema de droga na Guiné-Bissau serviu de noticias, relatórios até debates públicos, mas, o que o país  teve quase sempre em resposta a essa preocupação foi mais criticas do que apoios... Agora, de facto, se a intenção é pretendida na verdade conter e desmantelar essa rede de crime organizado em toda a costa Ocidental africana, só temos que contentar com a iniciativa uma vez que somos impossibilitados de o fazer sozinhos, devido a falta de meios técnicos e financeiro. 
Com certezas de que não deverá haver quem possa estar contra a destruição de uma armação minoritária que estraga e sacrifica a maioria. Ou que a custa do enriquecimento individual ou de grupo, vende alma ao diabo para colocar toda a soberania de uma república em causa.

Amigo leitor, queridos irmãos e caros compatriotas...
Enquanto isso, nunca deixemos de unir a volta de qualquer caso ou qualquer situação que envolve a palavra de um terceiro entre nós... Já que o mais importante na nossa união em cada situação difícil ou em cada caso complicado, não é quando se trata de estar em causa a implicação de um compatriota com verdade ou com mentira, com razão ou culpado... Mas sim é de demonstrar a nossa solidariedade e união perante uma defesa conjunta da nossa soberania nacional. 
Porque afinal, mesmo que hoje muitos de nós sobrevive com a dupla nacionalidade, mas é através dessa república da Guiné-Bissau é que estamos a existir neste mundo pela naturalidade... Dela é que florimos a nossa primeira bandeira nacional e... Onde ganhamos o sabor da nossa primeira identidade como cidadãos.

Por isso, a nossa maior gratidão com essa pequena parcela de mundo é a nossa união coordenação e entendimento... Orgulhar com essa pobreza e de envolvermos todos na luta de inverter essa realidade difícil e chocante.
Bem haja a todos. 


Samba Bari - Licenciado em Relações Internacionais pela Universidade Lusíada de Lisboa
Nota: Leia mais analises do PONTO DI MIRA, a partir do domingo de manhã da próxima semana. Até lá


1 comentário:

  1. Arnaldo Djú , Portugal14 de abril de 2013 às 00:28

    Excelente ponto de mira nha ermon Samba Bari

    Nha mantenhas

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