quarta-feira, 14 de novembro de 2018

Estudo mostra que os guineenses não confiam no sistema de saúde pública

De acordo com o documento de 126 páginas intitulado "Diagnóstico das Políticas Públicas para o acesso aos serviços de Saúde na Guiné-Bissau”, apesar da reduzida dimensão geográfica do país, a falta de infraestruturas rodoviárias e a insularidade tornam o acesso físico às estruturas de saúde muito difíceis. Associado a este facto, está o défice intrínseco de trabalhadores da saúde, a vetustidade das instalações e equipamentos e a limitada rede sanitária. São questões de reforço do sistema de saúde que "não se compadecem com intervenções de curto prazo", destaca o documento.

Em entrevista à DW-África, Miguel de Barros que coordenou a equipa de 7 investigadores guineenses, disse que o diagnóstico mostra também que embora as populações tenham mais informação e conhecimento, a medicina tradicional é mais cara do que a convencional, mas é aquela que gera ainda mais confiança e proximidade.

Estudo mostra que os guineenses não confiam no sistema de ...
"Encontramos comunidades mesmo pobres dispostas a pagarem os serviços de saúde, mesmo que seja serviços de saúde tradicional onde têm muito mais despesas. Mas a questão da saúde acaba por ser a questão central da sua própria economia, lavando com que mais 70% do rendimento da família seja canalizado para resolver problemas de saúde. Portanto, ao conseguirmos trazer aquilo que é a voz da população, que está na interface com a gestão dos serviços hospitalares e sanitários, nós estaríamos não só a trazer aquilo que deve ser a prioridade das políticas públicas, mas ao mesmo tempo também fazer com que as próprias comunidades não só se apropriem, mas sejam elementos da própria governação do sistema da saúde, isso que é elemento relevante e inovador que captamos", explica ainda Miguel de Barros.

Cooperação assegura o serviço de saúde
Os investigadores constataram por outro lado, que a cooperação internacional é que acaba por assegurar o serviço de saúde. O Estado guineense apenas acompanha "mas não coordena a implementação dessas políticas". O diagnóstico revela algum paradoxo no caso da malária, na medida em que o elemento que é a maior causa de mortalidade no país "não é o que tem maior volume de financiamento e nem está estruturado para dar esta resposta", diz o investigador Miguel de Barros.

"O Orçamento Geral do Estado (OEG) para o serviço nacional de saúde não chega aos 8% e disto a maior parte vai para o pagamento dos salários. Se olharmos para os cinco maiores programas sanitários: HIV, Malária, Tuberculose, a Nutrição e o Plano de desenvolvimento dos Recursos Humanos do setor de Saúde, não encontramos nenhuma contribuição do Estado guineense, do ponto de vista financeiro. Isso é uma debilidade terrível da própria capacidade do Estado em assumir a implementação da capacidade pública".
Rispito.com/DW, 14/11/2018

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