Sociedade Civil considera que a situação na GuinéBissau é dramática
As organizações
da Sociedade Civil da
Guiné-Bissau
qualicaram de
“dramática” a presente
situação política, económica e social no
país.
Numa Carta Aberta
dirigida aos órgãos de
Soberania e apresentada
esta quinta-feira, 30 de
Julho, durante uma
Conferência de
Imprensa, as
organizações da
Sociedade Civil
consideram que as
conquistas democráticas
e os fundamentos do
Estado “estão a
desaparecer, dando
lugar ao ódio, tribalismo,
perseguições e
espancamentos”.
Na Carta, subscrita por
12 organizações e
encabeçadas pelo
Movimento da
Sociedade Civil e Liga
Guineense dos Direitos
Humanos, foram
apontados factos tais
como espancamentos,
perseguições com
“alguma cumplicidade”
das autoridades
O documento começa
por realçar que o país
escolheu o sistema
pluralista em que a
protecção dos direitos humanos e a
consolidação do Estado
de Direito aguram-se
como objectivos
fundamentais do Estado Os subscritores
salientam que apesar da
instabilidade política
que persiste na GuinéBissau desde os últimos
22 anos, “o país
conservou
determinados ganhos no
domínio de direitos
civis”, nomeadamente
liberdade de imprensa e
de expressão,
considerados alicerces
fundamentais de uma
democracia pluralista.
“Infelizmente, nos
últimos tempos, o país
vem assistindo a actos e
acontecimentos que
consubstanciam graves
retrocessos nas
conquistas já
alcançadas, sobretudo
no que concerne aos
valores axiológicos do
Estado do Direito e
Democrático”, lê-se na
Carta
Não pretendendo
dramatizar a situação, os
responsáveis das organizações
subscritoras elencaram
alguns factos e
acontecimentos que
consideram serem
elementos que
consubstanciam graves
atropelos aos direitos
humanos e com
repercussões negativas
na imagem da GuinéBissau
Nos exemplos
apontados, e em 8
pontos, as organizações
da Sociedade Civil
destacam detenções
arbitrarias; instalação de
um sistema de vigilância
e escuta das
comunicações dos
cidadãos sem
autorização legal;
intimidação de
jornalistas; proliferação
de discursos políticos
que incentivam ódio e
divisão étnica;
disfuncionamento do
sistema judiciário,
particularmente com a
paralisação do Supremo
Tribunal de Justiça; especulação dos preços
dos produtos da
primeira necessidade;
insegurança dos
cidadãos e violações
sistemáticas da
Constituição da
República.
Os factos “elencados são
apenas alguns exemplos
de um quadro sombrio
de violações da
dignidade da pessoa
humana e de
disfuncionamento das
instituições
democráticas, com
efeitos nefastos no
processo de
consolidação da
democracia e do Estado
de direito”, sublinha a
Carta.
As organizações da
Sociedade Civil
exortaram os titulares
dos órgãos de soberania
a criarem condições
favoráveis para o
exercício dos direitos e
liberdades fundamentais
dos cidadãos.ç
Para além do apelo à
promoção de um diálogo
institucional, a
Sociedade Civil apelou ao poder político a
demarcar-se
publicamente de todos
os comportamentos que
consubstanciam em
violação dos direitos
humanos e consequente
ameaçam a paz e a
coesão nacional
A Sociedade Civil exigiu
a suspensão da
instalação de
equipamentos para
monitorização dos
cidadãos, anunciado por
Umaro Sissoco Embaló,
enquanto não houver a
decisão da Assembleia
Nacional Popular (ANP)
sobre a matéria.
“Exigir às instituições
democráticas a
investigação de todos os
actos e espancamentos
dos cidadãos e o recente
caso de assalto e
destruição da Rádio
Capital FM. Renunciar e
desencorajar os
discursos
segregacionistas e de
incentivo ao ódio e a
violência gratuita,
contribuindo para a
promoção da unidade
nacional”, refere a Carta.
Rispito.com/e-Global, 30-07-2020
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