segunda-feira, 4 de abril de 2022

Estado da Guiné-Bissau não pode extinguir empresa Armazéns do Povo -- Conselho de Administração

O presidente do conselho de administração da empresa de capitais portugueses Armazéns do Povo considerou hoje que o Estado da Guiné-Bissau não pode extinguir a companhia por esta ser privada e da qual apenas detém 5% de capital social.
"A empresa ADP -- Armazéns do Povo SARL, é uma empresa privada onde o grupo português Interfina detém 55% do capital social e o Estado da Guiné-Bissau, que é sócio minoritário, detém cerca de 5% do capital social, e os restantes 40% pertencem a investidores portugueses", precisou Alfredo Miranda, em comunicado.

O responsável referiu também que a empresa rege-se "unicamente pelos seus estatutos" e que a sua extinção só poderá ser feita em reunião da Assembleia-Geral e que "como é óbvio, o Estado, sendo sócio minoritário, com apenas cerca de 5% do capital social, não tem poderes para o efeito".

O presidente do conselho de administração salientou que todos os edifícios e imóveis da Armazéns do Povo pertencem à empresa, segundo o decreto-lei 4/92 e o contrato de compra e venda, "celebrado entre o Estado da Guiné-Bissau, vendedor, e os compradores, grupo Interfina e outros".

A empresa pede também ao ministro das Finanças, João Fadiá, para "explicar claramente e com os devidos suportes documentais a natureza e origem da dívida referida por si" e "caso conseguisse extinguir a empresa e liquidar o grupo" precisar onde iriam trabalhar os 300 trabalhadores da empresa.

"Ou será que seriam admitidos como novos funcionários públicos do Estado guineense", questionou Alfredo Miranda.

O responsável salientou também que o que está privatizado só pode ser nacionalizado e "nunca extinto" e que aquele "instituto é reservado aos sócios e ao tribunal e não ao Estado".

Em conferência de imprensa, na sexta-feira, o ministro das Finanças guineense precisou que a empresa foi extinta pelo Estado por deixar de cumprir a sua função.

João Fadiá defendeu que a Armazéns do Povo "deixou de cumprir com a missão para a qual foi criada" e que desde 1992 apenas em 2019 "deu sinal de vida", através da importação de alguns produtos para o mercado guineense.

O ministro das Finanças indicou que a empresa gerou num banco comercial uma dívida que ascende a cerca de 14 milhões de euros, tem uma dívida de cerca de 1,5 milhões de euros nas Alfândegas e "quase não paga nada" ao Estado em termos de responsabilidades fiscais.

João Fadiá sublinhou que o Governo decidiu, em Conselho de Ministros, pela extinção da Armazéns do Povo por considerar que a empresa é vítima de "uma gestão com prejuízos graves do Estado" guineense.

O ministro assinalou que a liquidação será feita pela assembleia de sócios e poderá ocorrer por via amigável ou judicial, mas deixou em aberto a possibilidade de qualquer das partes adquirir a empresa na totalidade, se for o caso.
Rispito.com/Lusa, 04/04/2022

Sem comentários:

Enviar um comentário

ATENÇÃO!
Considerando o respeito pala diversidade, e a liberdade individual de opinião, agradeço que os comentários sejam seguidores da ética deontológica de respeito. Em que todas as pronuncias expressas por escrita não sejam viciadas de insultos, de difamações,de injúrias ou de calunias.
Paute num comentário moderado e educado, sob pena de nao sair em público