sábado, 16 de dezembro de 2023

PAI-Terra Ranka esclarece que PM guineense "deve ser visto como ponte" com PR

O líder da coligação Plataforma Aliança Inclusiva (PAI- Terra Ranka), vencedora das últimas legislativas no país, esclareceu hoje que o primeiro-ministro, Geraldo Martins, "deve ser visto como a ponte" com o Presidente guineense, Umaro Sissoco Embaló.

Falando numa conferência de imprensa na sua residência, em Bissau, Domingos Simões Pereira comentou "os questionamentos de vários setores" sobre o facto de Martins, primeiro-ministro do Governo eleito e agora demitido pelo chefe de Estado, se manter à testa do novo executivo, ainda por formar.

Umaro Sissico Embaló reconduziu Geraldo Martins, primeiro vice-presidente do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), na liderança do próximo Governo da sua iniciativa e esclareceu que "só lhe deve obediência a si e a nenhum partido".

"Este Governo é meu. Parlamento está dissolvido, escolhi o Geraldo porque é minha responsabilidade. É a mim que ele vai prestar contas e mais ninguém", declarou Sissoco Embaló na cerimónia de posse de Geraldo Martins na última terça-feira.

Domingos Simões Pereira afirmou hoje que Martins deve ser visto como "a única ponte" para um possível diálogo da coligação PAI- Terra Ranka com o Presidente da República para a "busca de uma solução negociada" para a situação que a Guiné-Bissau atravessa.

"Não se trata nem de legitimar e nem de questionar (...) Geraldo Martins tem mantido esta coligação [informada] de todos os passos, tem solicitado orientações sobre o posicionamento que deve ter" na condução do processo, afirmou Simões Pereira.

O dirigente, que é também presidente do parlamento guineense, aproveitou para lembrar as Forças Armadas da sua "responsabilidade republicana" que, disse, deve ser alinhada com a defesa da soberania, do respeito pelas leis e da Constituição do país e "não com a vontade de indivíduos ou de grupos".

Simões Pereira tem insistido que são as forças de defesa e segurança que têm impedido que o parlamento retome as suas atividades e não o decreto do Presidente do país que dissolveu o órgão no passado dia 04.

O responsável tem evocado a Constituição guineense para lembrar que o decreto do chefe de Estado "é inexistente" a partir do momento em que "a suposta dissolução" do parlamento não respeita o preceituado que diz que aquela medida não poderá ser tomada 12 meses após as eleições legislativas.

As últimas eleições legislativas ocorreram na Guiné-Bissau em junho e nelas a coligação PAI -- Terra Ranka alcançou uma maioria absoluta com 54 dos 102 assentos no parlamento.

Domingos Simões Pereira apontou como exemplo do posicionamento das Forças Armadas, o impedimento pela polícia de acesso ao parlamento de deputados da PAI -Terra Ranka na quarta-feira com recurso a granadas de gás lacrimogéneo.

O político exortou os guineenses a continuarem a mobilização e a utilizarem os mecanismos democráticos "para lutar pela liberdade e pelos direitos conquistados".
Lusa

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